Na agenda ESG, compra de crédito de carbono compensa emissões de GEE e impacta o Social

Na agenda ESG, compra de crédito de carbono compensa emissões de GEE e impacta o Social

Por Emerson Gomes*

É comum ouvirmos falar em aquecimento global, desequilíbrio ambiental e o papel que as empresas exercem nisto tudo. Sem dúvida alguma, a poluição do ar e as mudanças climáticas estão entre os principais desafios que o mundo enfrenta hoje e uma das causas desses problemas é a emissão de gases poluentes na atmosfera. Tanto é que a ONU definiu a necessidade de ação contra a mudança global do clima como um dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS 13).

A emergência climática exige de todos nós a adoção de um compromisso na execução de medidas concretas e imediatas para salvar o planeta do aquecimento global. Segundo o 6º Relatório publicado pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), as mudanças recentes no clima estão generalizadas, rápidas e se intensificando cada vez mais. A influência humana contribuiu, ainda, para o aquecimento do clima a uma taxa sem precedentes nos últimos 2 000 anos, afetando todas as regiões habitadas do mundo. A taxa de aquecimento que observamos, devido às mudanças climáticas causadas pelos seres humanos, excede a taxa de aquecimento que vimos em qualquer momento no passado.

Diante de todos estes desafios climáticos, as empresas têm um papel importante na agenda de transição para uma economia de baixo carbono, mensurando seu impacto e tomando ações concretas para reduzir, neutralizar e compensar as suas emissões.

A mensuração é a chave para avaliar a efetividade das ações implementadas. Na jornada de construção rumo ao futuro da mobilidade sustentável, a Localiza está no 5º ano consecutivo de construção do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Desde o último, divulgado em 2021 referente às emissões do ano de 2020, ciente da relevância das emissões geradas pelos carros alugados e em linha com a estratégia de transparência, a empresa começou a contemplar no inventário, também, as emissões geradas por clientes.     

Definimos com segurança parâmetros consistentes que permitiram calcular a quantidade de quilômetros rodados pelos quase 300 mil veículos da frota naquele período, proporcionalmente ao tipo de combustível usado. Para maior transparência e confiabilidade no processo de publicação do Inventário completo, contratamos uma empresa terceira para auditar todo o processo. Como não houve nenhuma ressalva relevante feita pela auditoria, recebemos o selo Ouro na plataforma de registro público de Emissões GHG Protocol, que indica o mais alto nível de qualificação dentro dos padrões e normas internacionalmente aceitos.    

Reduzir as emissões é a nossa prioridade. Para isso, temos buscado soluções para o curto, médio e longo prazos, sempre pautadas na ciência, como o incentivo ao uso do etanol – combustível que emite menos GEE – e avaliação constante de soluções e tecnologias voltadas para a redução. Para minimizar o nosso impacto, 100% das emissões geradas pela nossa operação, escopos 1 e 2, são compensadas com a aquisição de crédito de carbono. A seleção dos projetos socioambientais é feita através da Plataforma Compromisso com o Clima, do Instituto Ekos Brasil, do qual a Localiza é apoiadora institucional e segue rigorosos critérios de governança.

Escolhemos o Projeto REDD+ Jari Amapá para compensar as nossas emissões. A Zona de atuação dele tem um papel muito importante na conservação da biodiversidade. Além de integrar a Área Endêmica do Escudo das Guianas, cumpre os critérios de vulnerabilidade descritos pelo Padrão CCB (Clima, Comunidade e Biodiversidade), uma vez que tem ocorrência de espécies globalmente ameaçadas de extinção, de acordo com a Lista Vermelha de Espécies em Perigo da IUCN (sigla em inglês para União Internacional Para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais).

O Projeto está localizado no Vale do Jari, nos municípios de Laranjal do Jari e Vitória do Jari, ao sul do estado do Amapá, na margem esquerda do rio Jari, na divisa do estado do Pará. O entorno é caracterizado pela presença de várias Unidades de Conservação (Proteção Integral e Uso Sustentável). A Área de Projeto (65.980 hectares) fica dentro da propriedade Jari II (Zona de Projeto) do Amapá, que totaliza uma área de 246.327 hectares.

Nele são desenvolvidas atividades para mitigar as mudanças climáticas, como a redução das emissões de GEE causados pelo desmatamento e pela degradação florestal, promoção do bem-estar social e a conservação a biodiversidade na região do Vale do Jari. A Fundação Jari é um agente facilitador e incentiva o desenvolvimento sustentável, atuando na formação integral de jovens nas áreas de educação, saúde e garantia de direitos, além de estimular o desenvolvimento de negócios sustentáveis e parcerias comunidade-empresa para viabilizar e integrar políticas públicas, de mobilização social e negócios sustentáveis.

Visitei o projeto recentemente, conheci de perto as ações implementadas e visitei algumas comunidades assistidas pelos recursos oriundos da compra de créditos de carbono. São inúmeros os benefícios e impactos na região. As reduções totais de emissões de Gases de Efeito Estufa geradas no período de monitoramento (15/02/2014 a 15/10/2019) foram de 1.734.045 tCO2e e é possível vincular as ações deste projeto com vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável “ODS” da ONU.

Além de contribuir para a redução da ocorrência e riscos associados a eventos climáticos extremos, o projeto promove o bem-estar social e gera renda através da melhoria da produtividade agroextrativista, assegurando ao homem no campo condições dignas de vida e convivência harmônica com a floresta. Isso ocorre graças às ações de apoio para consolidação das organizações sociais locais e no fornecimento de Assistência Técnica Rural (ATER) diferenciada. As ações de apoio ao desenvolvimento das comunidades locais partem do aprimoramento do conhecimento dos produtores, dando-lhes assim mais autonomia.

Desse modo, o projeto propicia acesso a serviços de ATER direcionadas a cada realidade, produtores capacitados com as melhores técnicas e com acesso a diversas tecnologias de produção e a criação de novos espaços de integração para facilitar a comunicação com outras partes interessadas. O que vi, na prática é um projeto de empoderamento da comunidade local na gestão dos recursos, aumento da autoestima e confiança, maiores oportunidades de acesso a créditos, utilização de recursos naturais de forma consciente, fixação da comunidade rural no campo, aumento da disponibilidade e acesso seguro a alimentos, aproximação e diálogo com agentes públicos e aumento do bem-estar social.  

*Emerson Gomes é Gerente de Legalização e membro do Comitê de Sustentabilidade da Localiza